Post by Dr. Helmer, Ph.D on Jan 5, 2013 0:00:03 GMT -3
É bem isso que o Serge falou: pra gente, que acompanhou tanto a carreira do KMF, é uma delícia perceber as referências pessoais dele.
Mas o filme, puta merda, 'é uma obra-prima de qualquer ângulo.
Deu uma saudade ENORME de vocês, CsC <3
Então, é um filme interessantíssimo em cada minuto. Pra quem acompanha a carreira do Kléber, desde sua crítica, é uma delícia ir percebendo vários pontos da visão de mundo dele, como a sensação submissão por prédios e edifícios em Recife (e Brasil, né?), uma sensatez sentimental, flertes com o fantástico e até mesmo terror/horror.
Essa cena que o Marcel destacou, do barulho da cerca, é sensacional mesmo, incrível. Uma pena o som do Teatro Nacional não estar a altura, tampouco a tela (o filme é scope e vazava um pouco por todos os lados). E, de uma forma muito rica, engloba absolutamente todos os curtas do Kléber (até "Homem de Projeção", acho, numa cena que evoca um cinema antigo). O Enjaulado, por exemplo, tá presente em toda a nossa relação de enclausuramento, aprisionados por vários portões e todo um feeling de paranoia que cresce no filme todo, com uns arroubos muito pontuais de medo, tensão e insegurança. O Kleber usa o zoom de um jeito muito, muito foda.
É um cinema que engloba muitos outros, como a, claro, nouvelle vague, penso que um pouco do Tati também (quando o protagonista, corretor, vai mostrar um apartamento pra uma mulher; a entrada do prédio parece extraída de Meu Tio), de De Palma, o Suleiman, que ele já explicitou. Não pensei no Haneke em nenhum momento, mas ao rever talvez eu encontre algo.
Acho que é o filme brasileiro mais bem acabado que já vi, no sentido de ser extremamente bem pensado, feito com um cuidado notável. Certamente o melhor uso de som, isso não há dúvidas. Todas as cenas possuem algum ruído vivo do ambiente, da cidade, e essas coisas começam a virar quase uma trilha sonora (existe um TUM! TUM! que aparece pelo filme, que a gente fica sem saber direito se é trilha ou se é outro barulho - e pode ser os dois, perfeitamente, o que penso ser o caso).
As atuações são não-atuações quase absolutas. Tem uma calma muito grande no elenco, em como eles falam, e é bem naturalista, embora a gente perceba uma mise-en-scene muito bem cuidada nisso tudo. O personagem do Gustavo Jahn me pareceu claramente um alter-ego do Kleber (alguns pensamentos, ter morado fora etc), inclusive no jeito de conversar. Tem uma cena de reunião de condomínio que parece refletir muito do pensamento dele sobre algumas "situações classe média", classe que é a mais presente no filme.
Tô apaixonado pelo filme, e gostei muito de ler o que o Marcel disse, que ele talvez possa sugerir um outro tipo de produção e visão por aqui. A Silvia Cruz, da Vitrine, me disse que pretendem lançar em um ou outro Cinemark; espero que as pessoas vejam e role um boca a boca massa, porque eu já acho que ele, por mais distinto que seja, tem uma força com o público, de poder criar um, até mesmo porque tem muito humor (ao modo KMF). Foi uma sessão bem divertida.
Vou rever na Mostra de SP, esperando uma projeção mais digna dele. E, já sabendo pra onde ele vai e como ele se constrói, prestar atenção em outras coisas.
Tá entre os 3 melhores que vi este ano.
Mas o filme, puta merda, 'é uma obra-prima de qualquer ângulo.
Deu uma saudade ENORME de vocês, CsC <3
Pronto. Tava muita correria no festival, porque eu consegui pegar outros filmes muito bons, como "Otto", "Doméstica" (documentário do Gabriel Mascaro; VEJAM) e o novo do Marcelo Gomes (que nem achei tão bom assim, mas é massa).
Então, é um filme interessantíssimo em cada minuto. Pra quem acompanha a carreira do Kléber, desde sua crítica, é uma delícia ir percebendo vários pontos da visão de mundo dele, como a sensação submissão por prédios e edifícios em Recife (e Brasil, né?), uma sensatez sentimental, flertes com o fantástico e até mesmo terror/horror.
Essa cena que o Marcel destacou, do barulho da cerca, é sensacional mesmo, incrível. Uma pena o som do Teatro Nacional não estar a altura, tampouco a tela (o filme é scope e vazava um pouco por todos os lados). E, de uma forma muito rica, engloba absolutamente todos os curtas do Kléber (até "Homem de Projeção", acho, numa cena que evoca um cinema antigo). O Enjaulado, por exemplo, tá presente em toda a nossa relação de enclausuramento, aprisionados por vários portões e todo um feeling de paranoia que cresce no filme todo, com uns arroubos muito pontuais de medo, tensão e insegurança. O Kleber usa o zoom de um jeito muito, muito foda.
É um cinema que engloba muitos outros, como a, claro, nouvelle vague, penso que um pouco do Tati também (quando o protagonista, corretor, vai mostrar um apartamento pra uma mulher; a entrada do prédio parece extraída de Meu Tio), de De Palma, o Suleiman, que ele já explicitou. Não pensei no Haneke em nenhum momento, mas ao rever talvez eu encontre algo.
Acho que é o filme brasileiro mais bem acabado que já vi, no sentido de ser extremamente bem pensado, feito com um cuidado notável. Certamente o melhor uso de som, isso não há dúvidas. Todas as cenas possuem algum ruído vivo do ambiente, da cidade, e essas coisas começam a virar quase uma trilha sonora (existe um TUM! TUM! que aparece pelo filme, que a gente fica sem saber direito se é trilha ou se é outro barulho - e pode ser os dois, perfeitamente, o que penso ser o caso).
As atuações são não-atuações quase absolutas. Tem uma calma muito grande no elenco, em como eles falam, e é bem naturalista, embora a gente perceba uma mise-en-scene muito bem cuidada nisso tudo. O personagem do Gustavo Jahn me pareceu claramente um alter-ego do Kleber (alguns pensamentos, ter morado fora etc), inclusive no jeito de conversar. Tem uma cena de reunião de condomínio que parece refletir muito do pensamento dele sobre algumas "situações classe média", classe que é a mais presente no filme.
Tô apaixonado pelo filme, e gostei muito de ler o que o Marcel disse, que ele talvez possa sugerir um outro tipo de produção e visão por aqui. A Silvia Cruz, da Vitrine, me disse que pretendem lançar em um ou outro Cinemark; espero que as pessoas vejam e role um boca a boca massa, porque eu já acho que ele, por mais distinto que seja, tem uma força com o público, de poder criar um, até mesmo porque tem muito humor (ao modo KMF). Foi uma sessão bem divertida.
Vou rever na Mostra de SP, esperando uma projeção mais digna dele. E, já sabendo pra onde ele vai e como ele se constrói, prestar atenção em outras coisas.
Tá entre os 3 melhores que vi este ano.