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Post by schiavo on Jan 24, 2007 18:45:53 GMT -3
durante mais de vinte anos partilhou a cama com sua esposa chinesa. e embora ching-pin-mei não lhe tivesse dado filhos, sabia o quanto ela os desejara. varias vezes, ao longo daquele tempo, dissera-lhe ter estado grávida, perdendo a criança em lamentaveis acidentes. e ele piedosamente fingia acreditar, para não ferir sua delicada sensibilidade oriental. gentilmente, amavam-se. recato, escuridão, jogos de leques. assim se procuravam desde sempre na pesada penumbra do quarto. corpos nunca revelados, névoa de incenso, o amor envolto em véus e cortinados, conservando o mistério dos primeiros dias. porem, adoecendo ching-ping-mei, exigiu o medico que se abrissem as janelas e se fizesse luz, tornando possível o exame. e embora ele se mantivesse do lado de fora da porta, em discreta espera, não lhe foi permitido escapar a revelação trazida junto com o diagnostico. a paciente logo sararia, comunicou-lhe o medico, porem ele considerava dever comunicar-lhe que à luz da medicina, e não obstante a graça e a doçura inegaveis, sua esposa ching-ping-mei era, na verdade, um homem. atordoado, cambaleou sentido esboroar-se o cerne do amor, estendeu as mãos a frente, mas em que se apoiar, se ele próprio, apesar da barba e dos bigodes, e sem que sua amada jamais desconfiasse, era, e tinha sido ao longo daqueles anos todos, mulher?
marina colasanti.
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Post by ikebieyetmuhi on May 5, 2019 8:58:54 GMT -3
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Post by orapegeqe on May 5, 2019 10:51:11 GMT -3
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Post by elizulaj on Jun 10, 2019 9:36:10 GMT -3
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Post by ejirotikad on Jun 10, 2019 11:26:15 GMT -3
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