Post by kain on Aug 2, 2007 21:51:34 GMT -3
critiquem à vontade, sério:
soneto da cegueira
Luzes. Cores entrecortadas por
corpos mortos se balançando ao vento.
Ela estica os dedos, hesitante e
Só. Mãos fugidias, os olhos baços.
Tudo desvanece. Derrete em dor.
Só o escuro, agora. Tateando.
Vagueia tropeçando. Estupor.
Tudo corre morto, vivo, ela alheia.
Arde-lhe a garganta o alívio líquido.
Encara a escuridão persistente.
Espera vir de leve a liberdade.
Fecha olhos. Morre a vida. É feliz.
Aquarelas, pessoas, vagalumes
Ri no mundo de sonho que é só seu.
sem-nome
preciso sair preciso ver preciso ser preciso respirar
abro a porta perdido no tempo o rosto momento sem saber o que pensar
menina moça bacana a luz acesa no topo do poste a lua apagada
e essas estrelas assim
chamando
elas falam murmuram sussurram imploram
e a gente só assim
esperando
eu estico o braço encosto no seu te puxo pra perto
falo contigo te peço um favor te beijo de leve
você levanta perdida manhosa e anda devagar
e tudo que eu vejo é que tudo é tão certo e eu nem sei mais o que te falar
seguro tua mão passeio contigo ando junto e sorrio sem reclamar
tanta gente por perto e tanta gente por longe e a gente tão quieto sem dizer
sem dizer as coisas que são pra dizer mas que você diz que não é pra contar
e tem tanta luz e tem tanta coisa que eu nem consigo entender
o que tem de tão certo o que tem de tão bom
só em ficar assim
tão perto
a gente anda na praça e vê as pessoas
pessoas e gentes e tudo tanto faz
os prédios em cima e dos lados olhando e a grama no chão e criança brincando e você nem sabe o que é tudo isso e
[eu sei mas não quero te contar
e volta pra casa os braços em volta e abre a porta e me deixa entrar
e eu te seguro tão perto
e falo contigo
e tudo bem, não tem nada pra se preocupar.
sem-nome (2)
Vejo nos olhos dos que me olham
A música cheia de melindres dos mudos
Perdida encantada morta e cheia de uma qualidade mundana que fascina àqueles que compram perfumes falsificados
[de marca e deixam sobre a mesa da cozinha para
[que possam impressionar algum qualquer.
Danço ao som mudo de mil gritos rascantes
E me diz meu bem qual a atividade de amanhã?
Quer sair pra passear, andar por aí, ver as pessoas estranhas e em diferentes formatos e tecer comentários
Irônicos?
As mãos tremem cheias de ódio
destilado
Não sei quem odeio mas sei
O que me convém.
perdido em tangos alheios à realidade
O café bebericado pendendo na borda da mesa
A mão queimada e escurecida do sol que nunca descansa
Eu ando por aí seguindo
pessoas que andam por aí seguindo
pessoas que aindam por aí seguindo
homens estranhos de casacos pesados e chapéus sobre os seus rostos
e eu nem sei mais o que faço
direito nessa vida.
Outro dia eu abri os olhos e vi o céu
ele não tinha nada de
especial nem de perfeito
nem de belo
e havia poesia nas coisas e não no céu
e eu via a poesia nas coisas que não tem poesia
e me disseram que eu era louco e eu
respondi que o céu era bonito.
Mais tarde fui pra casa e me entristeci
covarde macilento e cheio de pequenas imperfeições dos mais variados tamanhos, entre o micro e o macro
senti-me decepcionado mais comigo do que com o mundo
então pus-me a falar mal dos outros.
No topo do teto da minha casa têm pontos
pontos de cores e tamanhos diversos que se mexem às vezes
e sobre eles eu faria diversos contos
escrevia sobre isso por meses
se a minha vida fosse a poesia
se eu acreditasse em rima
se eu não estivesse enjoado com toda essa vontade de fazer magia
de pessoas que tentam ser pessoas que não são realmente pessoas, e sim algo diferente
então ao em vez disso eu sento e assisto
programas jogos mortes horrores e culinária
me delicio com a inércia
pois o tédio é maior que a poesia.
escrevo com olhos e dedos e lábios
e perco tudo que eu tinha de
verdadeiro e sábio e honesto
sinto o tictac irritante do tempo se arrastando rápido
demais e sem escrúpulos ou regularidade
então eu me deito
apago as
luzes do meu quarto
e passo a noite em claro no escuro.
às vezes eu queria ser outra pessoa
ou nenhuma pessoa
às vezes eu queria ser eu mesmo
mas é difícil
então escrevo mentiras em folhas brancas e distribuo aos loucos pedindo por aplausos.
soneto da cegueira
Luzes. Cores entrecortadas por
corpos mortos se balançando ao vento.
Ela estica os dedos, hesitante e
Só. Mãos fugidias, os olhos baços.
Tudo desvanece. Derrete em dor.
Só o escuro, agora. Tateando.
Vagueia tropeçando. Estupor.
Tudo corre morto, vivo, ela alheia.
Arde-lhe a garganta o alívio líquido.
Encara a escuridão persistente.
Espera vir de leve a liberdade.
Fecha olhos. Morre a vida. É feliz.
Aquarelas, pessoas, vagalumes
Ri no mundo de sonho que é só seu.
sem-nome
preciso sair preciso ver preciso ser preciso respirar
abro a porta perdido no tempo o rosto momento sem saber o que pensar
menina moça bacana a luz acesa no topo do poste a lua apagada
e essas estrelas assim
chamando
elas falam murmuram sussurram imploram
e a gente só assim
esperando
eu estico o braço encosto no seu te puxo pra perto
falo contigo te peço um favor te beijo de leve
você levanta perdida manhosa e anda devagar
e tudo que eu vejo é que tudo é tão certo e eu nem sei mais o que te falar
seguro tua mão passeio contigo ando junto e sorrio sem reclamar
tanta gente por perto e tanta gente por longe e a gente tão quieto sem dizer
sem dizer as coisas que são pra dizer mas que você diz que não é pra contar
e tem tanta luz e tem tanta coisa que eu nem consigo entender
o que tem de tão certo o que tem de tão bom
só em ficar assim
tão perto
a gente anda na praça e vê as pessoas
pessoas e gentes e tudo tanto faz
os prédios em cima e dos lados olhando e a grama no chão e criança brincando e você nem sabe o que é tudo isso e
[eu sei mas não quero te contar
e volta pra casa os braços em volta e abre a porta e me deixa entrar
e eu te seguro tão perto
e falo contigo
e tudo bem, não tem nada pra se preocupar.
sem-nome (2)
Vejo nos olhos dos que me olham
A música cheia de melindres dos mudos
Perdida encantada morta e cheia de uma qualidade mundana que fascina àqueles que compram perfumes falsificados
[de marca e deixam sobre a mesa da cozinha para
[que possam impressionar algum qualquer.
Danço ao som mudo de mil gritos rascantes
E me diz meu bem qual a atividade de amanhã?
Quer sair pra passear, andar por aí, ver as pessoas estranhas e em diferentes formatos e tecer comentários
Irônicos?
As mãos tremem cheias de ódio
destilado
Não sei quem odeio mas sei
O que me convém.
perdido em tangos alheios à realidade
O café bebericado pendendo na borda da mesa
A mão queimada e escurecida do sol que nunca descansa
Eu ando por aí seguindo
pessoas que andam por aí seguindo
pessoas que aindam por aí seguindo
homens estranhos de casacos pesados e chapéus sobre os seus rostos
e eu nem sei mais o que faço
direito nessa vida.
Outro dia eu abri os olhos e vi o céu
ele não tinha nada de
especial nem de perfeito
nem de belo
e havia poesia nas coisas e não no céu
e eu via a poesia nas coisas que não tem poesia
e me disseram que eu era louco e eu
respondi que o céu era bonito.
Mais tarde fui pra casa e me entristeci
covarde macilento e cheio de pequenas imperfeições dos mais variados tamanhos, entre o micro e o macro
senti-me decepcionado mais comigo do que com o mundo
então pus-me a falar mal dos outros.
No topo do teto da minha casa têm pontos
pontos de cores e tamanhos diversos que se mexem às vezes
e sobre eles eu faria diversos contos
escrevia sobre isso por meses
se a minha vida fosse a poesia
se eu acreditasse em rima
se eu não estivesse enjoado com toda essa vontade de fazer magia
de pessoas que tentam ser pessoas que não são realmente pessoas, e sim algo diferente
então ao em vez disso eu sento e assisto
programas jogos mortes horrores e culinária
me delicio com a inércia
pois o tédio é maior que a poesia.
escrevo com olhos e dedos e lábios
e perco tudo que eu tinha de
verdadeiro e sábio e honesto
sinto o tictac irritante do tempo se arrastando rápido
demais e sem escrúpulos ou regularidade
então eu me deito
apago as
luzes do meu quarto
e passo a noite em claro no escuro.
às vezes eu queria ser outra pessoa
ou nenhuma pessoa
às vezes eu queria ser eu mesmo
mas é difícil
então escrevo mentiras em folhas brancas e distribuo aos loucos pedindo por aplausos.