|
Post by Guga Valente on Nov 22, 2005 0:28:42 GMT -3
Vi a que saiu em DVD, tá escrito que é a versão original. Mas não sei exatamente. Cara, achei muito bom o modo como o filme fala sobre amadurecimento, como lida com a chegada do amor para o protagonista. É impressionante a sensibilidade que o Scorsese tem na construção do personagem do Harvey Keitel - ele é alguém em transição, daquela vida que ele levava com os amigos à vida que leva agora com a garota (o filme todo é composto por cenas dessas duas "vidas" inrtercaladas, uma solução bem inteligente e que evidencia o interesse do diretor nesse "confronto" de certa forma, entre o personagem e as duas coisas). O que acho legal é que o filme nunca trata isso de maneira simplista, como poderia, condenando a vida com os amigos, retratando-a como um bando de vagabundos que não querem nada com coisa algum etc (em contraponto com a vida com a garota, onde teria-se o personagem "entrando nos eixos"). Os questionamentos que o protagonista virá a fazer a si mesmo são provenientes do desenrolar natural da história, Scorsese se abstém nesse sentido. Se ele, narrando, toma alguma posição ou ponto-de-vista, é a do próprio protagonista (e isso é essencial). E eu me interesso muito por esse processo de transição que o personagem está passando, cenas como aquela primeira tentativa de sexo frustrada são reveladoras e de uma sutileza incrível. Ele está claramente decepcionado por as cosias estarem indo tão rápidas com a mulher que ele ama, e ao mesmo tempo que na cabeça dele há todo esse conceito idealizado da garota perfeita e as coisas nao poderiam teoricamernte ser assim, ele quer continuar porque àquela altura já questiona todas essas certezas imutáveis que tinha. Nessa mesma linha há o diálogo à saída do filme de John Ford, onde ele (fã desde os primeiros minutos de filme), depois de a garota declarar ter gostado, retruca numa encantadora e doce reprovação dizendo que as garotas de westerns são "assanhadas". E no meio da cena há uma digressão com imagens de todas as transas que ele tivera até ali. Enfim, gostei muito. E veja que, até agora, só nos definhamos pela história em si. Não colocamos nenhuma análise técnica. Ao meu ver, a fotografia é muito bem aplicada na cena inicial, dando uma clara sensação de movimento e uma quebra em qualquer possível linearidade que pudesse tornar os diálogos monótonos, porém - mesmo isso tendo sido inserido posteriormente - na cena em que você mesmo cita como uma digressão de imagens, não me parece contribuir para uma inclusão de material psicológico correto nesse momento, sem contar que a fotografia comete exagero de sobreposições, dolly shot e ponto e contra-ponto (não me lembro a especificação técnica para isso), deixando a cena não confusa, mas um tanto sem valor contextual. . Mesmo não lembrando de detalhes mais específicos desse primeiro trabalho scorsesiano, concordo plenamente em ser interessante e importante, mas ao ponto de classificá-lo como excelente, discordo veementemente. Recebeu, em minha classificação, 3/5. Excelente foi só uma palavra que veio à minha cabeça, provavelmente devido a empolgação do momento. Mas não daria classificação máxima ao filme, não. Nesse seu esquema, ficaria em 4/5. Algo como "muito bom", talvez? Bem, eu me conceitrei mais na história em si porque sinceramente não sou grande conhecedor das técnicas cinematográficas, mas do alto da minha ignorância posso dizer que além de grande valor contextual sim - a cena é como que um pensamento, tudo o que vem à cabeça dele naquele momento; é como se ele percebe-se, enfim, por que estava decepcionado com certas atitudes da garota (por gostar dela, de fato, e querer algo diferente dessa vez) -, não acho que há exagero de sobreposições (na verdade não são muitos a mais que os da primeira cena) nem nada do tipo (confesso que não sei o que é dolly shot). É uma cena ritmada, como se as ações dos personagens estivessem acompanhando a música, assim como é a da "invasão" ao apartamento, que termina com os tiros. Não vejo nada de errado, como dá pra ver, pelo contrário.
|
|
|
Post by will on Nov 22, 2005 0:56:31 GMT -3
E veja que, até agora, só nos definhamos pela história em si. Não colocamos nenhuma análise técnica. Ao meu ver, a fotografia é muito bem aplicada na cena inicial, dando uma clara sensação de movimento e uma quebra em qualquer possível linearidade que pudesse tornar os diálogos monótonos, porém - mesmo isso tendo sido inserido posteriormente - na cena em que você mesmo cita como uma digressão de imagens, não me parece contribuir para uma inclusão de material psicológico correto nesse momento, sem contar que a fotografia comete exagero de sobreposições, dolly shot e ponto e contra-ponto (não me lembro a especificação técnica para isso), deixando a cena não confusa, mas um tanto sem valor contextual. . Mesmo não lembrando de detalhes mais específicos desse primeiro trabalho scorsesiano, concordo plenamente em ser interessante e importante, mas ao ponto de classificá-lo como excelente, discordo veementemente. Recebeu, em minha classificação, 3/5. Excelente foi só uma palavra que veio à minha cabeça, provavelmente devido a empolgação do momento. Mas não daria classificação máxima ao filme, não. Nesse seu esquema, ficaria em 4/5. Algo como "muito bom", talvez? Bem, eu me conceitrei mais na história em si porque sinceramente não sou grande conhecedor das técnicas cinematográficas, mas do alto da minha ignorância posso dizer que além de grande valor contextual sim - a cena é como que um pensamento, tudo o que vem à cabeça dele naquele momento; é como se ele percebe-se, enfim, por que estava decepcionado com certas atitudes da garota (por gostar dela, de fato, e querer algo diferente dessa vez) -, não acho que há exagero de sobreposições (na verdade não são muitos a mais que os da primeira cena) nem nada do tipo (confesso que não sei o que é dolly shot). É uma cena ritmada, como se as ações dos personagens estivessem acompanhando a música, assim como é a da "invasão" ao apartamento, que termina com os tiros. Não vejo nada de errado, como dá pra ver, pelo contrário. Em nenhum momento, a minha intenção foi a de modificar a sua impressão do filme. Só coloquei a minha interpretação sobre o mesmo e, aliás, acho ótimo que você tenha visto tanta sensibilidade onde eu, quiçá, não tenha observado. Lembro-me que, a cena em questão, me pareceu extremamente lacunar. Ou melhor, ela poderia ser facilmente substituída por alguma outra que exercesse a mesma função, fosse mais interessante e viesse com o desenrolar do drama. Vendo o filme do seu ponto de vista, eu não gostaria que uma cena como aquela fosse incorporada, tentando exemplificar suas relações passadas em uma passagem tão longa e, entendo, desinteressante. O fato de a mesma me parecer descontextual, não quer dizer que ela não esteja ligada ao contexto do filme e/ou momento, mas sim, vejo-a simplesmente como inoportuna. Repito: outros artifícios seriam muito mais produtivos para desempenhar um papel reflexivo - talvez nem fosse necessário o uso de cenas diretas para que se atingisse um resultado semelhante ou melhor.
|
|
|
Post by Guga Valente on Nov 22, 2005 1:07:52 GMT -3
Excelente foi só uma palavra que veio à minha cabeça, provavelmente devido a empolgação do momento. Mas não daria classificação máxima ao filme, não. Nesse seu esquema, ficaria em 4/5. Algo como "muito bom", talvez? Bem, eu me conceitrei mais na história em si porque sinceramente não sou grande conhecedor das técnicas cinematográficas, mas do alto da minha ignorância posso dizer que além de grande valor contextual sim - a cena é como que um pensamento, tudo o que vem à cabeça dele naquele momento; é como se ele percebe-se, enfim, por que estava decepcionado com certas atitudes da garota (por gostar dela, de fato, e querer algo diferente dessa vez) -, não acho que há exagero de sobreposições (na verdade não são muitos a mais que os da primeira cena) nem nada do tipo (confesso que não sei o que é dolly shot). É uma cena ritmada, como se as ações dos personagens estivessem acompanhando a música, assim como é a da "invasão" ao apartamento, que termina com os tiros. Não vejo nada de errado, como dá pra ver, pelo contrário. Em nenhum momento, a minha intenção foi a de modificar a sua impressão do filme. Só coloquei a minha interpretação sobre o mesmo e, aliás, acho ótimo que você tenha visto tanta sensibilidade onde eu, quiçá, não tenha observado. Lembro-me que, a cena em questão, me pareceu extremamente lacunar. Ou melhor, ela poderia ser facilmente substituída por alguma outra que exercesse a mesma função, fosse mais interessante e viesse com o desenrolar do drama. Vendo o filme do seu ponto de vista, eu não gostaria que uma cena como aquela fosse incorporada, tentando exemplificar suas relações passadas em uma passagem tão longa e, entendo, desinteressante. O fato de a mesma me parecer descontextual, não quer dizer que ela não esteja ligada ao contexto do filme e/ou momento, mas sim, vejo-a simplesmente como inoportuna. Repito: outros artifícios seriam muito mais produtivos para desempenhar um papel reflexivo - talvez nem fosse necessário o uso de cenas diretas para que se atingisse um resultado semelhante ou melhor. Entendo, e poderiam mesmo outros aritifícios funcionar tão bem ou melhor, mas como já disse, acho a cena muitíssimo interessante, além de plenamente funcional - e é aí que discordamos, já que vc a vê como desinteressante e lacunar, preferindo o uso de outros fatores. Normal, né? ![8-)](http://forum.outerspace.terra.com.br/mysmiliesvb/mysmilie_3055.gif)
|
|
|
Post by will on Nov 22, 2005 12:41:44 GMT -3
Em se tratando de cinema, mais que normal ![8-)](http://forum.outerspace.terra.com.br/mysmiliesvb/mysmilie_3055.gif)
|
|
|
Post by Daniel The Walrus on Nov 22, 2005 19:13:03 GMT -3
Guga, esse seu avatar é de que filme hein?
|
|
|
Post by fredy on Nov 22, 2005 19:41:44 GMT -3
parece ser de "era uma vez na america"
|
|
|
Post by Daniel The Walrus on Nov 23, 2005 1:56:48 GMT -3
É mesmo.
É o filme favorito dele.
|
|
blackbaby
Membro Joel Schumacher
![*](//storage.proboards.com/forum/images/stars/star.png) ![*](//storage.proboards.com/forum/images/stars/star.png)
"I want to trip inside you head, spend the day there and hear the things you haven?t said."
Posts: 623
|
Post by blackbaby on Dec 11, 2005 19:35:20 GMT -3
Vi hoje Quem Bate na Minha Porta? e gostei bastante. Não sei bem se vai entrar no TOP10, mas isso não invalida aquilo que o Guga Valente muito bem referiu. O filme além de tratar o tema de forma sutil e impecável, revela ainda uma frescura e um arrojo a nível técnico do melhor que o Scorsese já fez. Acho que o filme é diretamente filho da nouvelle vague, mas também muito americano - ou Nova Yorquino- e, especialmente, muito Scorsesiano. Os temas são os do costume, a câmera movia-se já de uma forma extraordinária, a montagem (já da Thelminha) é bem boa. Gostei também particularmente da forma como o Mestre já combinava na perfeição a música e as imagens, chegando mesmo ao ponto de incluir pelo meio alguns autênticos video clipes que não só são extremamente cool como ao mesmo tempo servem a história na perfeição. Também recomendo a todos os que o possam ver.
|
|
|
Post by Mr. Orange on Feb 17, 2006 11:18:00 GMT -3
Revi Depois de horas, é uma das direções mais brilhantes que já vi, a camera do Scorsese e do Ballhaus é um personagem tão histérico e bizarro quanto as mulheres do filme. Aliás, acho que é uma das maiores coleções de doidas num mesmo filme.
|
|
|
Post by Mr. Orange on Feb 18, 2006 2:22:49 GMT -3
Revi Alice não mora mais aqui (1974) depois de muitos anos.
Me lembrou bastante o argentino O filho da noiva, os dois são filmes com personagens principais adultos que tem um processo bem parecido de amadurecimento.
O Scorsese tava inspiradíssimo, a direção dele é sempre inventiva, ele já surta logo de cara com um início totalmente delirante, mostrando uma lembrança idealizada da infância da Alice com uma luz maravilhosa, lembrando bastante a casa da Dorothy em Mágico de Oz, o que já mostra o quanto a protagonista é imatura, sonhadora e presa a um passado que só existe na cabeça dela.
É basicamente uma mãe viúva que tem que se virar pra criar o filho, e é ótimo ver o Scorsese cair de cabeça no melodrama, mas com um senso de humor que poucas vezes vi tão presente em seus filmes. E não é o humor negro e ácido de Depois de Horas ou Goodfellas, é muito sincero e até doce.
A Ellen Burstyn ganhou o Oscar, e seria um absurdo se fosse diferente, ela está fantástica, e o Harvey Keitel faz uma participação assustadora. A Jodie Foster, com uns 10 anos, tá parecendo um moleque de rua.
|
|
|
Post by Serge Hall on Apr 28, 2006 9:23:08 GMT -3
1) Os Bons Companheiros 2) Touro Indomável 3) A Última Tentação de Cristo 4) Taxi Driver 5) O Aviador 6) Cassino 7) A Cor do Dinheiro 8) A Época da Inocência 9) Vivendo no Limite 10) O Último Concerto de Rock 11) Cabo do Medo 12) Depois de Horas 13) Alice Não Mora Mais Aqui 14) Caminhos Perigosos 15) Quem Bate à Minha Porta? 16) Gangues de Nova York 17) Kundun (embora eu lembre pouca coisa) 18) New York, New York
Obs: de "Quem Bate à Minha Porta?" pra cima é tudo nota 8 ou superior. :-)
|
|
V
Membro Ron Howard
Posts: 24
|
Post by V on Apr 28, 2006 13:41:15 GMT -3
1- Depois de Horas 2- Caminhos Perigosos 3- Taxi Driver 4- Touro Indomável 5- Os Bons Companheiros 6- Gangues de NY 7- O Aviador
Preciso rever: A Última Tentação de Cristo, A Cor do Dinheiro.
Cassino e Cabo do Medo são blah.
O resto eu não vi.
|
|
|
Post by will on Apr 28, 2006 13:45:28 GMT -3
1) Os Bons Companheiros 2) Touro Indomável 3) A Última Tentação de Cristo 4) Taxi Driver 5) O Aviador 6) Cassino 7) A Cor do Dinheiro 8) A Época da Inocência 9) Vivendo no Limite 10) O Último Concerto de Rock 11) Cabo do Medo 12) Depois de Horas 13) Alice Não Mora Mais Aqui 14) Caminhos Perigosos 15) Quem Bate à Minha Porta? 16) Gangues de Nova York 17) Kundun (embora eu lembre pouca coisa) 18) New York, New York Obs: de "Quem Bate à Minha Porta?" pra cima é tudo nota 8 ou superior. :-) Depios de horas tá muito mal cotado, Serge ![>:(](http://img.photobucket.com/albums/v644/forum_csc/emotikongs/kong_classic.gif)
|
|
khansc
Membro Ron Howard
Posts: 18
|
Post by khansc on Apr 28, 2006 14:00:17 GMT -3
01. O Rei da Comédia 02. Touro Indomável 03. Os Bons Companheiros 04. Vivendo No Limite 05. Caminhos Perigosos 06. Taxi Driver 07. Gangues De Nova Iorque 08. O Aviador 09. Cabo do Medo 10. Kundun
|
|
|
Post by fredy on Apr 28, 2006 17:39:26 GMT -3
Cabo do Medo é obra-prima, ou algo perto disso. eu achava apenas um filme muito bom, até rever recentemente.
|
|